20080820

O Ethos Burguês na Moderna Utopia




Sob o enfoque de literatos, o autor Richard M. Morse fala sobre o ingênuo e o cosmopolitano, em seu texto “As cidades ‘periféricas’ como arenas culturais: Rússia, Áustria, América Latina” de Paris a São Petersburgo, do Rio a Buenos Aires e outras cidades ditas periféricas ou centrais.


Cada cidade é construída obedecendo à geografia, não tão-só a topográfica. Em regiões quentes os edifícios vão obedecer à arquitetura que minimizem os incômodos da quentura, do calor; para ir a outro extremo, em regiões frias ou geladas, a cidade é construída de maneira diferente as suas casas. Para o autor “as cidades tornam-se teatros e nossos informantes, atores”. Cita o poeta Baudelaire, pai do Simbolismo (no Brasil representado na poesia do catarinense Cruz e Sousa) que “celebra um mundo urbano associal, no qual a arte também se torna mercadoria”. E questiona se Paris foi a “capital do século XIX”; (sic) talvez, capital do consumismo.


Neste ponto, o autor de As Cidades “Periféricas” Como Arenas Culturais: Rússia, Áustria, América Latina, opõe-se a Walter Benjamin, autor de “Paris, capital do século XIX”. E fundamenta com Manchester de Tocqueville, Engels e Dickens: os além-Paris. Pois “nenhuma cidade poderia ser a sede de todos os ingredientes que forjaram a têmpora moderna”. E aponta o desinteresse dos artistas e literatos franceses por uma identidade nacional, além de que Dostoievski, tão distante de Londres e Paris, morar em São Petersburgo, ainda assim contribuía com a modernidade.

Dostoievski, a exemplo de Balzac, Dickens e Gogol , “exploram a metrópole como tema de ficção”, segundo Donald Fanger, quando estudou o “realismo romântico”. Dosoievski “conquistou o reconhecimento do grotesco como caminho para a beleza, do sofrimento para a felicidade e da humilhação para a liberdade”. Por outra, intelectuais e artistas julgavam Viena uma sociedade patológica.


(América Latina em comparação a cultura eurocêntrica). Neste caso propõe uma periferia como centro, ou seja, a inversão. As cidades periféricas também podem ter pessoas com criatividades e não só Paris ou Londres.


Machado de Assis (1839-1908), coluna do establishment, no aludido ensaio, “via a abolição como desculpa para os proprietários libertarem os escravos em condições ainda mais precárias”. Um dos maiores escritores brasileiros que dominava todos os gêneros literários, Machado profetizava as "estruturas sociais como controladas por sentimentos e paixões de indivíduos”.


Uma América Latina de pais e filhos ameríndios, ibero-medievais e miscigenados. Entretanto, o texto “As cidades...” refere-se, pela voz de Eugen Weber, que os camponeses do Sul da França (1870) “eram vistos pela cidade como ignorantes, supersticiosos, sujos, tímidos, ineptos, preguiçosos, avaros, moralmente atrofiados, falando línguas quase ininteligíveis. (...) Não havia necessidade de ninguém visitar a América para ver selvagem”.

REFERÊNCIA